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Mapeamento das águas subterrâneas da Dinamarca por meio de levantamentos aéreos

By março 22, 2022outubro 31st, 2022No Comments

As águas subterrâneas da Dinamarca são tão puras que é quase possível beber diretamente do solo. Para protegê-las, o governo iniciou um ambicioso projeto para mapear todos os aquíferos do país.

A maioria dos mapeamentos de águas subterrâneas ocorre após escassez ou poluição da água. Mas em 1999, o governo dinamarquês decidiu proteger a sua abundância de água doce na subsuperfície.

Eles iniciaram um enorme projeto com financiamento público para mapear todos os aquíferos da Dinamarca. Foram financiados programas para desenvolver técnicas, software e tecnologia a fim de ampliar o conhecimento das águas subterrâneas.

“Em muitos lugares ao redor do mundo, não há gestão do volume consumido de água até que seja tarde demais, mas nós monitoramos tudo isso na Dinamarca agora”, comentou Toke Søltoft, diretor da Aarhus GeoSoftware na Seequent.

“Temos muita água. Ela é muito limpa. Não queremos começar a tratar as águas superficiais ou a dessalinizar a água do mar. Descobrir como proteger os nossos recursos hídricos foi um programa muito pró-ativo.“

A Dinamarca tem padrões rigorosos de qualidade da água.

“A lei não permite tratar águas subterrâneas na Dinamarca, apenas oxidá-las e passá-las por um filtro de areia para remover o ferro. Se for necessário mais tratamento, é necessário realizar uma avaliação ou nós fechamos os poços“, comentou Toke.

“É assim que deve ser limpa; é quase possível beber diretamente do chão.”

Mapping Denmarks water helicopter.job

Início de um levantamento aéreo geofísico (crédito: Aarhus GeoSoftware)

Mapeamento de águas subterrâneas

Ao contrário de lagos e rios que podemos ver, é difícil mapear águas subterrâneas. Algumas técnicas, como levantamentos aéreos geofísicos de dados eletromagnéticos, medem as variações de condutividade da Terra, o que ajuda a identificar os materiais que estão abaixo da superfície.

“Creio que muitas pessoas acreditam que um aquífero é como uma mancha de água na subsuperfície.

Obviamente, não é assim. No litoral, quando realizamos uma perfuração na areia molhada, a água emerge desse furo de sondagem. Isso ocorre na Dinamarca e em muitos lugares“, comentou Toke.

Normalmente, as águas subterrâneas se infiltram em arenito e rochas fraturadas na subsuperfície. Em poucos lugares existem águas subterrâneas em formações de cavernas subterrâneas, como os cenotes do México.

Os levantamentos geofísicos que usam drones ou dispositivos instalados em helicópteros podem sobrevoar áreas e escaneá-las em busca de sinais que indiquem rochas fraturadas ou geologia específica relacionada a águas subterrâneas.

“Na Dinamarca, a geologia é composta principalmente por areia e argila devido à idade do gelo. Portanto, o maior volume de águas subterrâneas na Dinamarca está abaixo de uma camada de argila.“

Denmark clay layer groundwater map

O maior volume de águas subterrâneas da Dinamarca é protegido por uma camada de argila, mas ainda deixa algumas áreas vulneráveis onde essa camada é mais fina. (crédito: Aarhus GeoSoftware)

Essa argila protege a água de nitratos, pesticidas e outros contaminantes. Entretanto, essa proteção não é a mesma em todo o país; ela depende da espessura da camada de argila.

“O projeto de mapeamento criou métodos e ferramentas para mapear a extensão dos aquíferos, a profundidade até eles, e viu como eles estavam bem protegidos“, comentou ele.

O Toke foi um pesquisador do departamento de hidrogeofísica da mundialmente conhecida Universidade de Aarhus que participou do projeto de mapeamento das águas subterrâneas.

As equipes desse departamento desenvolveram conhecimento, instrumentos, software e diretrizes sobre como mapear as águas subterrâneas com base em seus aprendizados desde 2001.

“Agora mapeamos cerca de 40% da Dinamarca e temos uma boa ideia da localização de toda a água“, comentou Toke.

Muitas empresas afiliadas iniciaram o projeto de mapeamento, incluindo a empresa SkyTEM de desenvolvimento de instrumentos para levantamentos aéreos e o software para modelagem geofísica da Aarhus GeoSoftware (agora parte de Seequent).

Hoje, clientes e parceiros em todo o mundo aplicam o conhecimento e a tecnologia reunida durante mais de 20 anos de pesquisa e desenvolvimento dos seus projetos na Dinamarca.

O futuro do mapeamento de águas subterrâneas

Aarhus University team in Africa geophysics

Equipe da Universidade de Aarhus usa o sistema tTEM para levantamento geofísico na África (crédito: Aarhus GeoSoftware)

Os levantamentos constataram boa qualidade em quase todo o volume de águas subterrâneas da Dinamarca. Mas o passo seguinte, o monitoramento, foi crítico.

“Muito do que vemos atualmente em nossos furos de sondagem em busca de águas subterrâneas poderia ter começado há muitas décadas.

E, ao redor do mundo, você verá os mesmos problemas com pesticidas e nitratos, além de intrusão salina devido à elevação do nível do mar e escassez geral de água.

Então, podemos aplicar o que aprendemos e desenvolvemos com o projeto da Dinamarca para ajudar a solucionar esses problemas hoje”, comentou Toke.

Agora, o Toke está trabalhando em um projeto para criar um novo instrumento de monitoramento do lençol freático que pode permanecer em áreas remotas por anos.

Ele é capaz de monitorar as mudanças no lençol freático à medida que está sendo usado e observar as mudanças durante as estações do ano”, comentou ele.

“Ele ainda está em desenvolvimento. Ainda há novas tecnologias, novas formas de monitoramento, a serem desenvolvidas. Agora tudo pode ser feito na nuvem. Isso torna tudo mais fácil.“

Os dados desses dispositivos autônomos remotos podem ser automaticamente carregados em bancos de dados hospedados na nuvem. Independente de onde estiverem, as equipes podem acessar as informações sobre as águas subterrâneas, o que permite tomar decisões rapidamente quando ocorrem mudanças.

De levantamentos aéreos a dados hospedados na nuvem, o futuro da água doce depende do quanto a compreendemos e como a gerenciamos.