Por John Vandermay, diretor de tecnologia da Seequent
A próxima década de inovação na subsuperfície dependerá de nossa capacidade de transferir não apenas os dados, mas também o seu significado — entre pessoas, ferramentas e ideias.
Em projetos de mineração, infraestrutura civil, gestão ambiental e energia, todas as decisões dependem da compreensão do solo sob nossos pés. No entanto, grande parte desse conhecimento está presa em formatos fechados, sistemas isolados e fluxos de trabalho que não conseguem acompanhar a ciência de dados moderna ou a próxima geração de fluxos de trabalho assistidos por IA.
Na Seequent, acreditamos que o futuro da geociência será moldado pela abertura de dados, plataformas e colaboração.
Por que a abertura importa agora?
Os profissionais de geologia são inovadores que abraçam a mudança, mas seu ambiente de trabalho está cada vez mais complexo
Os profissionais de geologia sempre foram inovadores. Das seções transversais desenhadas à mão aos primeiros modelos geológicos em 3D, cada geração desenvolveu novos métodos e ferramentas para compreender melhor o que existe sob a subsuperfície.
Mas o progresso trouxe consigo complexidade. Cada nova disciplina — geologia, geofísica, geotecnia e meio ambiente — desenvolveu seus próprios formatos de dados, padrões e softwares. Essas ferramentas eram excelentes no que faziam individualmente, mas raramente foram projetadas para funcionar em conjunto.
Essa abordagem já não é sustentável. Hoje, os recursos estão mais profundos e são mais difíceis de alcançar. Os projetos de infraestrutura são maiores e mais complexos. Os orçamentos estão cada vez mais limitados. As expectativas ambientais e comunitárias são maiores. Cada projeto deve gerar mais insights, mais certeza e mais valor, frequentemente com menos pessoas, menos tempo e dados cada vez mais complexos. Ao mesmo tempo, o volume e a diversidade de informações sobre a subsuperfície cresceram exponencialmente — dos dados de furos de sondagem e geofísicos aos dados geotécnicos, de águas subterrâneas e de monitoramento ambiental.
Grande parte desses dados permanece fragmentada em sistemas incompatíveis. Cada vez que se migra de ferramenta, perde-se um contexto científico valioso e, com ele, desaparecem oportunidades para decisões mais rápidas e inteligentes.
Frequentemente ouvimos a mesma pergunta dos clientes: “Investimos na aquisição, limpeza e armazenamento desses dados, então por que o formato definido pelo fornecedor deveria determinar o que podemos fazer com eles?”.
Durante décadas, os formatos proprietários ditaram como os dados podiam ser usados, limitando a inovação, atrasando a colaboração e mantendo insights valiosos dentro de ecossistemas de fornecedores únicos.
A abertura muda isso.
Quando o contexto geocientífico — e não um arquivo proprietário — se torna a unidade de valor, os dados passam a ser portáteis, acessíveis e reutilizáveis em todos os seus fluxos de trabalho.
Como a Seequent está construindo uma base aberta
O Evo torna os dados da subsuperfície acessíveis
Fonte: Seequent
A plataforma de dados e computação geocientífica da Seequent, Evo, reúne dados da subsuperfície de qualquer fonte e os torna acessíveis por meio de interfaces abertas, modelos de dados abertos e serviços em nuvem seguros e potentes.
Ao incorporar o significado geocientífico diretamente em esquemas de dados abertos, o Evo garante que as informações carreguem consigo todo o seu contexto onde quer que vá. Esse contexto torna os dados inteligíveis não apenas para pessoas e softwares, mas também para sistemas de IA que agora conseguem interpretar, validar e até mesmo ampliar o conhecimento geocientífico. Além disso, o Evo torna os recursos de computação da Seequent acessíveis por meio de APIs, dando aos usuários e parceiros a capacidade de criar novos aplicativos, automatizar análises e impulsionar a inovação diretamente da plataforma.
Na prática, a abertura com o Seequent Evo significa:
- 1. Abertura na interface: APIs RESTful baseadas em padrões abertos são documentadas e disponibilizadas para qualquer cliente, parceiro ou assistente de programação de IA autorizado em developer.seequent.com.
- 2. Abertura no modelo: objetos geocientíficos com esquemas de dados de código aberto, publicados no repositório público da Seequent no GitHub, capturam o contexto científico dos dados que representam — as relações, os parâmetros e as origens que definem fenômenos geológicos, geofísicos ou geoquímicos.
- 3. Abertura no projeto: fluxos de trabalho independentes de aplicativos permitem que os dados circulem de forma contínua entre os sistemas da Seequent, da Bentley e de terceiros — porque nenhum fornecedor deve determinar como seus dados de subsuperfície são utilizados.
É importante ressaltar, abertura não significa dados abertos. Os dados dos clientes no Evo nunca são públicos, compartilhados ou de código aberto.
O que permanece aberto são os esquemas, as estruturas de dados e os padrões que definem como as informações são descritas e trocadas. Seus dados proprietários permanecem protegidos pelas estruturas de segurança de nível empresarial, controles de acesso e trilhas de auditoria da Seequent.
Colaboração por meio da comunidade
A Seequent investiu profundamente na criação de uma base aberta para a comunidade de geociências que vai além da tecnologia, abrangendo também:
Biblioteca de código aberto
O termo “código aberto” refere-se a software ou dados cujo código e estrutura subjacentes estão disponíveis publicamente para qualquer pessoa visualizar, usar, modificar e distribuir. Essa abertura incentiva a transparência, a colaboração e a inovação compartilhada.
Os engenheiros da Seequent contribuem ativamente para a manutenção de esquemas de dados geocientíficos abertos, incentivando a colaboração da academia, da indústria e de desenvolvedores de software por meio dos nossos repositórios públicos no GitHub.
Para os nossos clientes, o benefício é a liberdade. Ao disponibilizar esses esquemas em código aberto, os usuários do Evo e de suas APIs podem desenvolver suas próprias inovações em geociências sem precisar esperar que os fornecedores de software ofereçam suporte a um novo tipo de arquivo ou criem uma nova interface. Com a crescente acessibilidade dos assistentes de programação com IA, criar conexões de software personalizadas está mais rápido e fácil do que nunca.
Os usuários do Evo agora podem projetar fluxos de trabalho completos que conectam coleta de dados, garantia e controle de qualidade, processamento, modelagem e interpretação, interligando aplicativos anteriormente separados sem modificar o próprio software. Isso cria uma jornada de dados sem perdas, em que as informações mantêm seu contexto e valor completos em cada etapa.
Resumindo, os esquemas de código aberto libertam os dados geocientíficos dos limites impostos pelos aplicativos e liberam seu valor intrínseco, oferecendo às empresas a flexibilidade de inovar no seu próprio ritmo.
Alinhamento com o setor
Estamos firmando parcerias com fornecedores de software líderes, incluindo a Deswik, para garantir que esses esquemas e APIs permaneçam relevantes e sejam amplamente adotados.
Comunidade e governança
A comunidade de esquemas abertos opera com processos de contribuição transparentes e uma governança eleita pela própria comunidade, garantindo a propriedade compartilhada e a melhoria contínua. Prevemos que esses esquemas formarão a espinha dorsal de um padrão do setor para representar e trocar dados geocientíficos.
Capacitação de desenvolvedores
Por meio do site developer.seequent.com, fornecemos documentação, ambientes de teste e exemplos para ajudar os desenvolvedores a criar suas próprias integrações e extensões.
Abertura em ação
O impacto da abertura já é evidente na prática.
Uma empresa de mineração automatizou recentemente seu fluxo de trabalho de modelagem de curto prazo usando as APIs e os esquemas abertos do Evo. O que antes exigia semanas de coordenação manual agora é executado em um único dia, integrando sistemas de negócios, a API do modelo de blocos e esquemas abertos do modelo de blocos para acionar atualizações automatizadas, facilitar a colaboração e gerar relatórios em tempo real.
Isso não é apenas eficiência. É assim que a abertura transforma dados em insights em tempo real.
Os alicerces da próxima onda de inovação
A Seequent está criando os fluxos de trabalho do futuro
Para a Seequent, a abertura não é um recurso — é a arquitetura que conecta os pontos fortes do legado à inovação futura. É assim que pretendemos garantir que cada conjunto de dados, modelo e insight criado hoje continue sendo útil nos fluxos de trabalho do futuro.
A comunidade das geociências enfrenta um ponto de inflexão: profissionais experientes estão se aposentando mais rápido do que podem ser substituídos, enquanto a IA e a automação estão remodelando a forma como coletamos e interpretamos dados.
Para que essa transição seja produtiva e ética, os dados devem ser libertados dos silos proprietários. Esquemas abertos e APIs acessíveis permitem que tanto humanos quanto sistemas de IA interajam de forma direta e responsável com informações da subsuperfície.
Por meio do Seequent Labs, nosso grupo interno de pesquisa e desenvolvimento, já estamos explorando como modelos de dados abertos e transparentes podem impulsionar o projeto generativo, a modelagem preditiva e o suporte automatizado à decisão. Essas inovações dependem da mesma arquitetura aberta que sustenta o Evo.
Um chamado à comunidade geocientífica
Os maiores desafios do próximo século — da segurança dos recursos à resiliência climática — serão resolvidos na subsuperfície. Enfrentá-los exige não apenas melhores ferramentas, mas uma nova filosofia de colaboração. É por isso que na Seequent estamos construindo a base aberta para esse futuro.
Convidamos a comunidade global de geociências — desenvolvedores, pesquisadores e inovadores — a se juntar a nós. Explore nossos repositórios abertos, teste as APIs do Evo e ajude a moldar a próxima geração de conhecimento sobre a subsuperfície.